Semana Científica de Estudos em Medicina Veterinária aborda bem-estar animal

Professor Dr. Mateus da Costa abordou o bem-estar animal e suas relações com a eficiência reprodutiva de bovinos de corte

Sob o tema central ‘Bem-estar Animal’, a XII Semana Científica de Estudos em Medicina Veterinária da UNIGRAN trouxe palestrantes e discussões importantes para acadêmicos e profissionais da área. A palestra principal, com o professor Dr. Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa, da UNESP em Jaboticabal, abordou o bem-estar animal e suas relações com a eficiência reprodutiva de bovinos de corte.

Quando se fala em bem-estar bovino, o zootecnista faz questão de ressaltar que é essencial envolver todas as condições do animal, como de alojamento e acomodação, nutrição, saúde, possibilidade dele expressar sua natureza, entre outras. “Todos esses elementos fazem parte de um sistema de produção, seja ele intensivo ou extensivo, está diretamente influenciando o estado de bem-estar dos animais. Isso ainda terá um efeito no que ele sente: medo, dor, angústia, fome ou sede, entre outros. Esses elementos atuam juntos e acaba um interferindo no outro, por exemplo, um animal mal nutrido tem problema de bem-estar, mas também provavelmente terá um problema de saúde, pois isso gera doenças ou carências metabólicas, o que vira uma ‘bola de neve’. Sendo assim, o problema de bem-estar pode se tornar muitos outros problemas, levando o animal a um sofrimento com um efeito negativo na resposta produtiva”, enfatiza.

Dr. Mateus da Costa diz que no que se refere à produtividade, o sistema orgânico depende de equilíbrio, havendo um desequilíbrio há perdas. O profissional ressalta que as perdas podem ser na capacidade de imunidade, como resistir aos desafios do ambiente, queda na transformação dos nutrientes em algum produto, como o leite e a carne, contudo, as perdas podem ser mais graves, ter lesões na carcaça, hematomas, machucados, fraturas que causam custos extras, perda que influencia na qualidade da carne, ou ainda chegar à morte, sendo considerada perda total. “É uma cadeia de eventos que se acumulam por não ter levado em conta o bem-estar dos animais”, afirma.

“Quem se importa com o bem-estar animal se aproxima dos animais e transforma a sua atividade profissional ou de formação em algo mais prazeroso”, destaca o palestrante. A questão do bem-estar está implícita no fato do profissional criar condições para os animais estarem bem, exercendo a profissão de forma mais satisfatória, pois, conforme da Costa, “as pessoas que trabalham com animais que estão bem, também se sentem melhor, se sentem realizadas profissionalmente”.

A programação da Semana Científica tratou ainda do papel do profissional no âmbito do bem-estar animal; adestramento de cães; bem-estar animal na área pet: animais de companhia e esporte; o bem-estar da fauna selvagem em cativeiro; implicações do bem-estar animal na ciência animal (ambiência e inovação); bem-estar na clínica de grandes animais; homeopatia e bem-estar animal; bem-estar animal e suas relações com a eficiência reprodutiva de bovinos de corte; implicações do bem-estar animal na cirurgia veterinária e ainda, epistemologia no bem-estar animal.

Estresse animal

Outro assunto abordado durante o evento, ´As alterações patológicas encontradas em animais que sofreram doenças relacionadas ao estresse’, em palestra ministrada pelo professor Dr. Ricardo Antônio Amaral de Lemos – UFMS. O profissional mostrou quando situações de estresse podem levar ao desencadeamento de doenças, porém procurou dar uma abordagem mais ampla, tanto do que seria doença e do que seria estresse. Segundo ele, “qualquer situação de desconforto do animal, como por exemplo, privação de alimento, pode ser uma fonte de estresse, e isso também desenvolver comportamentos ou baixa de imunidade que faça com que esses animais desenvolvam doenças”, orienta.

Na rotina de diagnóstico, Lemos declara que tem identificado diferentes doenças que são relacionadas à questão do estresse. Algumas conhecidas há bastante tempo, como por exemplo, pneumonias, que antigamente era conhecida como febre dos transportes. “Como os animais eram transportados a longas distâncias, de navios, sofriam estresse muito grande, quando chegavam aos locais de destino, morriam de pneumonia”, relata.

Há outras doenças que estão associadas ao estresse, porém não com uma relação de causa tão forte, de acordo com o médico veterinário. Ele exemplifica: “um bezerro que é mal tratado no nascimento, não é feita corretamente a cura do umbigo, isso pode ter consequências, o próprio manejo, se não é bem cuidado, isso pode gerar um estresse no animal que venha ter consequências no futuro”.

Quando um animal é tirado do ambiente natural, por si só já gera um estresse. “O animal pet foi domesticado, porém, um animal fechado em um apartamento, vai ter o mesmo estresse que um bovino confinado. Mas mesmo assim, um bovino criado extensivamente, a campo, pode viver situações de estresse: como pouca disponibilidade de água ou de alimento, ainda situações pontuais, como trazer para um procedimento de vacinação. Quem for trabalhar no sistema de produção, tem que procurar conciliar o bem-estar com a produtividade, o que vai diminuir o estresse. Não adianta querer trabalhar em uma situação que causa menos estresse, mas que não é economicamente viável. É importante verificar o quanto o bem-estar pode agregar no ganho de produção”, avalia Dr. Ricardo.

O médico veterinário cita, ainda, outra situação que vale ressaltar: o perfil do consumidor está mudando. “Situações que antes talvez eram aceitas, consideradas normais com o trato animal, para o padrão da época, hoje, com um processo maior de urbanização da população mudou um pouco a cultura. Então, o profissional precisa se adaptar a essas situações de produzir em situações de bem-estar que tornem o produto aceito pelo consumidor”, finaliza Dr. Ricardo Antônio Amaral de Lemos.

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