Formação Superior proporciona a indígenas qualidade de vida e luta pelos direitos

Dia do Índio

A identidade dos indígenas é marcada pela ligação com a cultura, a tradição e a terra

Hoje, dia 19 de abril, é comemorado o Dia do Índio. Muitos podem pensar: o que celebrar neste dia? De fato as notícias que circulam diariamente não são as melhores. Ainda há discriminação, violência e muita miséria contra os povos indígenas. Mas andando na contra mão existem os que lutam para mudar essa situação e fazem da educação o degrau mais importante para esta mudança.

O ensino superior tem sido uma realidade para muitos indígenas de Dourados. A possibilidade de ter uma carreira fortalece o orgulho pela cultura e aquece a vontade de lutar pelos os que ainda se encontram nas páginas tristes das notícias diárias. Wilson Matos da Silva, filho de mãe Terena e de pai Guarani, formou-se em Direito na UNIGRAN em 2003. Motivado pelos inúmeros direitos negados ao seu povo, passou de cortador de cana “sem muito trato e pouco contato com a leitura” como ele mesmo diz, para advogado engajado na luta pelos direitos indígenas.

Assim como Wilson, outros indígenas buscam na formação acadêmica a mudança que querem ver em seu povo. Everton Nunes Pontes da etnia Terena é acadêmico do 1º semestre de Enfermagem da UNIGRAN e acredita que a inclusão no ensino superior faz diferença para ele e também para sua comunidade. “Quanto mais gente formada, mais gente capacitada, ajuda não só a comunidade em si, mas ajuda no desenvolvimento dessa comunidade também”, afirma o estudante.

Terezinha Bazé de Lima, pró-reitora de Ensino e Extensão da UNIGRAN, relata que o curso superior, além de propiciar uma carreira para os jovens indígenas, devolve o orgulho. “Tenho observado que cada vez mais os alunos indígenas têm procurado as instituições, se preparam para participar de seleções para o ensino superior e vejo assim, que o ensino vai possibilitar o ingresso no mercado de trabalho e, consequentemente, a sua melhoria, a sua autoestima”, relata.

O advogado Wilson considera que a formação já está fazendo a diferença. “Através dos nossos graduados versados em várias áreas do saber podemos nos defender dos malefícios que fatalmente invadem as nossas aldeias. Na área jurídica que atuo a diferença é enorme com o Observatório de Direitos Indígenas (ODIN), a maioria já tem consciência de que os direitos negados serão reclamados. As pessoas têm que pensar duas vezes antes de cometer qualquer ato discriminatório contra os índios. Por outro lado, os nossos índios sabem onde se socorrer tudo isso graças ao conhecimento que adquirimos nos bancos acadêmicos. A educação é a redenção de qualquer povo. Afinal, conhecimento é poder, especialmente o científico”, afirma.

Professora Bazé acreditava que após a formação, o indígena deixaria sua comunidade e seus costumes, mas uma pesquisa apontou o contrário. “A partir da pesquisa observei que os alunos voltam para a sua aldeia, mesmo trabalhando fora e, mesmo adquirindo uma situação econômica mais favorável, ele não abandona sua terra, a sua casa, a sua família, e isso tem contribuído para o fortalecimento das populações”, informa.

Everton, o indígena acadêmico de Enfermagem, garante que a carreira não afasta ele de sua cultura. “Sabemos separar as coisas, carreira é uma coisa, cultura é uma coisa, religião é outra coisa. A gente tem que saber separar, e o fato de ter escolhido uma profissão não me fez afastar da minha cultura”.

“Eles são conscientes, isso eu acho muito bonito nos povos indígenas, eles são conscientes da importância da sua identidade. A identidade dos indígenas é essa ligação que eles têm com a cultura, com a tradição, e com a terra. A informação e o conhecimento é que vai nos aproximar muito mais dessa percepção de compreender as diferenças e respeitá-las”, acredita a pró-reitora Terezinha Bazé. (IO)

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