ARTIGO: Soja - Desequilíbrios de mercado derrubaram os preços

Por Leonardo Lucio Mussury* O mercado de soja vem mostrando que o preço dessa commodity está intimamente relacionado, não só aos fatores técnicos e fundamentais, mas, sobretudo, a uma regra de mercado que costumamos chamar de variável exógena (tudo aquilo que contribui indiretamente para alterações de preços e que não necessariamente fazem parte do cotidiano desse mercado). Senão pela safra que o mundo sinaliza colher, perto de 252 milhões de toneladas e com forte tendência de chegarmos a 255 milhões de toneladas, o ano de 2010 promete recuperar os níveis de estoques mundiais que em 2008/2009 era da ordem de 42 milhões de toneladas e passa a cômoda marca de 58 a 60 milhões de toneladas, caso os números pós-colheita se confirmem. Isso por si só traz um alento aos grandes consumidores como nos países asiáticos e do continente europeu que não precisam antecipar suas compras e passam a efetuar suas aquisições da mão para a boca; ou mais precisamente, comprar aquilo que efetivamente precisam. Atrelado a isso, temos a crise fiscal do país grego que contamina seus vizinhos como Espanha, Itália, Inglaterra e passa uma insegurança muito grande ao mercado de quanto é o tamanho do buraco causado durante a crise de setembro de 2009, conhecida como a crise do Sub Prime Americano e que num efeito dominó arrastou outras economias por água abaixo. A China, grande protagonista desse mercado que importa perto de 40 milhões de toneladas anualmente, chegou a sinalizar um aumento de suas importações para 45 milhões de toneladas o que causou uma perspectiva de melhores preços para a soja brasileira e, recentemente, informou ao mercado fortes medidas para conter a alta de preços ou controlar a inflação como a elevação das taxas de juros e o aumento das taxas sob os depósitos compulsórios bancários. Tudo isso sinaliza para uma queda dos níveis internos de consumo agregado e uma forte sinalização de menores volumes de compras da soja “tupiniquim”, o que justificaria a queda das cotações na Bolsa de Chicago. Entretanto, problemas relacionados a nossa estrutura de armazenagem, nos levam acreditar que poderemos ter na primeira quinzena de março de 2010 uma forte pressão de venda por parte dos sojicultores brasileiros, que impossibilitados de estocarem seus produtos no aguardo de melhores preços serão obrigados a vendê-los aumentando ainda mais a pressão de oferta e elevar significativamente o custo de logística durante a remoção do mesmo. Por fim, a síntese desse mercado é oferta maior que a demanda, crise financeira dos importadores da soja brasileira, restrição de consumo da economia chinesa, dificuldades de armazenagem e alto custo logístico para remoção da soja até os portos, o que definitivamente dificulta melhores preços nesse primeiro semestre, mantida as condições atuais. Vender a soja hoje a R$ 30,00 a saca de 60 quilos pode não ser um mau negócio diante do cenário exposto, e fica a expectativa do que ocorrerá com o clima americano para a safra que deverá ser plantada nesse primeiro semestre e que deverá ser o fiel da balança na formação de preços para os meses vindouros. *Leonardo Lucio A. Mussury, é economista com pós-graduação em metodologia de ensino, professor da UNIGRAN, e consultor de agronegócio

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