UNIARTE 25 anos: Alunas interveem e tiram paredes do anonimato

Elas estavam “invisíveis” para a maioria das pessoas. “Era um espaço que você passava, não tinha propaganda, nada; agora, ficou com um visual bonito, de arte”, diz Oberdan Quirino Jorge, 47, dono da barraca de tapioca, que fica na área pública em frente à UNIGRAN. Os estabelecimentos, na verdade, são de alvenaria, e as paredes que ficam do lado da Rua Manoel Santiago ganharam cores e desenhos expressivos, feitos pelos alunos e alunas do mini-ID_CURSO ministrado por Ana Ruas, nesta terça-feira. Agora, vai ser difícil alguém fazer xixi ali. Ana Ruas, uma das artistas plásticas mais aclamadas do Estado, ensinou um pouco de sua especialidade, na oficina “Intervenção - Pintura sobre Alvenaria”, realizada nesta terça-feira, um dos eventos da UNIARTE – 25 anos e do VI Encontro Multidisciplinar de Educação. Ela explicou que o trabalho é resultado de um estudo prévio de valorização dos elementos e características do lugar a ser transformado. A intervenção só é feita com a autorização do dono da casa. O restante é fruto da técnica, criatividade, bom gosto e irreverência do autor. O objetivo é “conversar” com quem passa. “Todos os desenhos, todas as cores não estão aleatoriamente colocadas, elas estão dialogando com alguma coisa [ou alguém]”, disse Ana Ruas, chamando a atenção para detalhes que normalmente passam despercebidos pela maioria das pessoas. “Assim como você [repórter], outras pessoas já passaram por aqui e não só não perceberam a parede branca, como também não perceberam a existência das casinhas; então, estamos convidando o transeunte a olhar esse espaço de maneira diferente”, falou a artista. Ana Ruas assina trabalhos em espaços públicos urbanos em várias cidades do país. Com orientação da artista, os participantes da oficina exercitaram o olhar observador e crítico. “A gente sempre passa aqui e vê isso feio, olha para o outro lado, uma arquitetura toda planejada, toda bonitinha [do novo prédio da UNIGRAN], e deste lado, onde o pessoal vem se alimentar, sujo e feio”, disse a acadêmica do 4º semestre de Artes Visuais, Gisele Virgínia Mendes, 35. Ela terminou a oficina contente por ter aprendido a reconhecer, nos próprios espaços, os temas para sua arte. Nas paredes das lanchonetes, por exemplo, uma torneira, virou uma fonte; uma caixa de exaustor passou a compor um quadro abstrato, e um mau modo, motivou a ousadia. O grupo de Gisele chegou a hesitar se desenhava ali vasos sanitários. “As meninas falaram: será que pode?, naquele preconceito, mas a gente ousou, porque sempre tem que ter um toquezinho de ironia, aí é que dá o comentário, e tomara que dê polêmica, isso é que é interessante.”, declarou Gisele Virgínia Mendes, 35, acadêmica do 4º semestre de Artes Visuais. As mostras da UNIARTE 25 Anos ficam abertas ao público até sexta-feira, das 7h às 22h30. (MC-JR)