Educadora finlandesa diz que criança precisa entender o valor da vida

Sofia Alarova falou sobre a educação nota 10 de seu país e de suas impressões sobre a educação brasileira.
Um pedagogo com espírito de educador e uma pedagogia voltada para a formação humana. A mestranda em Ciências da Educação da Universidade de Oulu, Finlândia, Sofia Maria Evelina Alarova, 23, cativou a platéia de acadêmicos e professores, nesta quinta-feira, na UNIGRAN, com sua simpatia, disposição para falar sobre o sistema educacional de seu país e pelo amor que demonstra pela profissão de educadora. Sofia participou da Roda de Conversa promovida pela Omep/Dourados (Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar), em conjunto com a Faculdade de Educação e o ID_CURSO de Pedagogia da UNIGRAN, que estiveram representadas no evento pelas professoras Terezinha Bazé de Lima, Maria Cláudia Teixeira da Luz Ollé e Márcia Rita Trindade Malheiros, respectivamente. O objetivo foi saber da convidada como é a vida do professor em sua terra e conhecer sua opinião sobre a educação daqui. Sofia falou que, entre os princípios que orientam a educação dos finlandeses estão a formação da criança como ser humano, para reconhecer o valor da vida e do planeta em que vivemos, e entender as diferenças culturais como riquezas da humanidade. Essas idéias integram as práticas docentes, desde a pré-escola, em um processo educacional direcionado para o aluno desenvolver autonomia de pensamento e senso crítico. Nada diferente do que ensina Paulo Freire, filósofo brasileiro da educação que é referência em muitos países. “Vocês devem sentir muito orgulho de Paulo Freire”, disse Alarova, acrescentando que, como defendia Freira, as escolas finlandesas são estruturadas para ser um outro lar, “para despertar na criança a felicidade, a vontade de saber mais, como um lugar em que ela se sinta segura e tenha estímulos para voltar”. Alarova falou que o professor na Finlândia é altamente valorizado pelo governo e pela sociedade, recebendo, em média, três mil euros por mês e as melhores condições possíveis para desenvolver seu trabalho. Lá, a faculdade equivalente à de Pedagogia, aqui do Brasil, é uma das mais concorridas e só entram os candidatos que tenham tido desempenho diferenciado, ao longo do ensino médio. E para exercer o magistério, mesmo nas séries iniciais, o sistema finlandês exige que o professor tenha no mínimo o mestrado. Isso porque, convivendo com a mesma turma por vários anos, no ensino fundamental – até os 7, e dos 7 aos 12 anos de idade, as turmas terão apenas um professor, em a cada fase – o professor se torna uma referência para seus alunos e uma da pessoas mais influentes em sua história de vida. “Pensem na importância do professor para os seus alunos”, disse Sofia, falando da formação do pedagogo que tenha o espírito de educar – e não de apenas tomar todo seu tempo com questões burocráticas da escola. Para ela, a educação é um direito humano e a criança tem perceber que sabe alguma coisa. Nesse contexto, disse ela, “o aluno não tem culpa de não aprender, mas o professor tem culpa de não saber ensinar”. “Pensa bem nisso, o pedagogo tem que despertar na criança a felicidade e tem um papel fundamental para descobrir o que criança saber fazer bem, o que ele tem dom de fazer. Se a criança entender que diferença é mais uma riqueza do que uma coisa ruim, ela vai se lembrar disso a vida toda”, ponderou a mestranda que, mesmo evitando comparações, falou sobre o que percebe da educação no Brasil. “Para falar curtinho, está indo para o lugar certo, muito coisa está sendo feito, palavras bonitas no papel têm, mas a prática não está tão bonito como podia ser”, disse Sofia, em bom português e olhar de estrangeiro. Ela disse não entender, por exemplo, porque existe tanta gente para cuidar de uma criança nas escolas, se pondo entre o professor, os pais e o aluno – que, para ela, na maioria das vezes, poderiam resolver sozinhos questões de aprendizado e disciplina que surgem dessa relação. Contudo, ela reconhece na educação de jovens e adultos um modelo de ensino a ser seguido e elogia o conceito de educação continuada no Brasil, que na Finlândia não é tão difundido, mesmo apresentando o melhor PISA do mundo, índice que mede o rendimento educacional nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Sofia Alarova volta para a Finlândia no dia 1º de setembro, após realizar um trabalho de pesquisa e imersão educacional no CEEJA (Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos), através do ID_CURSO de Pedagogia da UNIGRAN, como parte de seu programa de Mestrado. O estudo durou cerca de quatro meses e possibilitou à mestranda conhecer o perfil da educação por aqui. Na platéia, as comparações foram inevitáveis, mas a própria convidada tratou de ressalvar não se pode comparar um país com cinco milhões de habitantes e uma população étnica e culturalmente uniforme com outro de 180 milhões e extremamente diversificado. Ainda assim, a coordenadora do ID_CURSO de Pedagogia da UNIGRAN avaliou como bastante positiva a Roda de Conversa. “Ao conhecer outra forma de educação, especialmente, quanto ao nível de exigência de formação do professor, a gente fica cheio de esperança, porque é o nosso sonho também, por isso, espero que os presentes tenham ampliado seu espaço cultural, na fala de alguém de outro país”, disse a professora Márcia Rita Malheiros. A Roda de Conversa foi mediada pela pró-reitora Terezinha Bazé. (JR)

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