Índios apontam preconceito como entrave social.

Seminário Indígena: abertura reuniu acadêmicos e profissionais indígenas egressos da UNIGRAN, na mesa-redonda Identidade e Realidade Indígenas.
O preconceito com a comunidade indígena de Dourados é a principal barreira a ser rompida pelos não-índios. A busca pela convivência harmônica em razão das aldeias Jaguapiru e Bororó estarem situadas nas proximidades da cidade são desafios propostos por acadêmicos e profissionais índios durante abertura oficial do V Seminário Indígena da UNIGRAN, na quarta-feira. O tema em discussão tratou sobre a identidade e realidade de perspectiva dos povos indígenas de Dourados. Mesa-redonda formada por acadêmicos e profissionais formados na UNIGRAN reuniu representantes das três etnias da área indígena, Fernando da Silva Souza, Terena, Michele Alves Machado, Kaiowá-Nhandeva, e Cajetano Vera Kenedi de Morais, da etnia Guarani. Participou também Graciela Pereira dos Santos, representante da Ação dos Jovens Indígenas (AJI). A mediadora da mesa foi a professora Marina Vinha, da UFGD. Os problemas sociais das aldeias de Dourados foram colocadas em discussão como forma de chamar a atenção dos acadêmicos índios e não-índios que acompanharam o seminário. Foi também uma forma de chamar a atenção da sociedade, governantes e entidades que atuam nas causas indígenas. O confinamento das três etnias, população de quase 15 mil pessoas em 3,5 mil hectares, a onda de violência e a entrada de drogas nas aldeias foram os pontos críticos levantados pela mesa que precisam de atenções emergenciais. O preconceito foi retratado por eles principalmente na inserção do índio no meio social do não-índio. Cajetano Verá, graduado em Ciências Biológicas, estudante de mestrado e professor da Escola Tengatui Marangatu disse que muitos indígenas têm qualificação profissional para competir de igual com qualquer outra pessoa, porém dificilmente é oferecido trabalho a eles. “Basta andar no centro da cidade. Não vemos índios trabalhando no shopping, no comércio, nos escritórios”, frisou. Michele Machado, acadêmica de Pedagogia e também professora da Escola Tengatui foi enfática ao falar sobre perspectiva. “Que perspectiva um jovem indígena pode ter?, indagou. Nossa realidade é degradante. Os poucos que conseguem chegar a faculdade até conseguem melhores oportunidades de vida, o restante (homens) encontram alternativa de trabalho apenas nas usinas. Já as mulheres como empregada doméstica”, disse ela, afirmando que a maioria dos jovens não veem perspectiva de vida. A presença de drogas nas aldeias, o grande índice de violência e a dificuldade de sobrevivência das famílias indígenas foram esboçadas na mesa de debate. “Vivemos de forma mascarada, pois estamos sendo expulsos da aldeia pela criminalidade”. E como não somos aceitos na cidade passamos a perder identidade. Estamos sem referência”, mencionou Graciela, explicando que a alternativa de vida para grande maioria das famílias se dá através dos programas de alimentação e vale renda do Governo Federal e Funai. E foi nessa linha de sobrevivência dos indígenas que Fernando Souza, coordenador do Núcleo de Atividades Múltiplas (NAM) da aldeia Jaguapiru, criticou os programas. “Junto ao programa social deveria existir também políticas públicas para desenvolver atividades profissionalizantes, de educação. O índio não pode ficar na dependência de sestas básicas e de vale renda”, criticou. Todas as necessidades e carências levantadas durante o seminário foram debatidas com a platéia que lançou perguntas no sentido de entender a melhor forma de ajudar os índios. Questionaram também o que os acadêmicos e profissionais formados estão fazendo para mudar essa realidade, já que a própria UNIGRAN tem dois Núcleos de Atividades Múltiplas onde são desenvolvidos atividades de extensão na área de recreação, saúde e educação. A mesa pontuou que falta quebrar paradigmas em relação à imagem construída do índio. Para isso, é necessário a sociedade conhecer a realidade das aldeias de Dourados e identificar o quanto a comunidade indígena precisa de apoio, de respeito. O Seminário Indígena da UNIGRAN tem como objetivo ampliar as relações étnico-culturais e sociais, criando espaços para uma melhor relação entre acadêmicos indígenas e não-indígenas. A pró-reitora de ensino e extensão Terezinha Bazé, que juntamente aos estudantes indígenas promovem o evento, que se estende até o Dia do Índio, lembrou na abertura do seminário que a UNIGRAN, em parceria com a Funai, adotou políticas de inserção de indígenas no vestibular em qualquer área de formação profissional Desta forma, os acadêmicos indígenas ganham bolsa de estudo. Somente em 2009, 31 estudantes estão matriculados em diferentes ID_CURSOs da instituição. (FV)

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