Pesquisador alerta sobre uso de inseticidas nas lavouras de cana.

Eng. agrônomo Diogo Rodrigues falou aos alunos de graduação e de especialização sobre controle biológico da broca da cana.
Com a expansão da cultura da cana-de-açúcar, aumentou também o número de produtores que aderiram ao uso de inseticidas para controlar a broca-da-cana. Isso tem sido motivo de preocupação para os pesquisadores, pois, além de a praga manifestar resistência aos inseticidas, invalidando sua eficácia, os defensivos químicos podem prejudicar o meio ambiente e matar os parasitas naturais da broca. Nesta segunda-feira (17), o pesquisador Diogo Rodrigues Carvalho, da empresa paulista BUG – Agente Biológicos, ministrou palestra na UNIGRAN aos acadêmicos dos ID_CURSOs de Agronomia e de pós-graduação em Gestão Tecnológica do Setor Sucroalcooleiro, na qual defendeu que o sistema biológico é o método mais eficiente para realizar o combate da broca-da-cana. A grande preocupação apontada pelo pesquisador é que a aplicação de produtos químicos é feita com a ajuda de avião, não sendo possível obter o controle do local aplicado, atingindo açudes e rios. Ele disse que o aumento da cultura da cana-de-açúcar no país fez aumentar a população da praga. Assustados, os produtores passaram a comprar mais produtos. Por sua vez, as indústrias trabalham a todo vapor, colocando novos inseticidas no mercado. A broca da cana-de-açúcar é uma lagarta (Diatraea saccharalis) que penetra nos colmos da planta pelos nódulos. O ataque resulta no mau desenvolvimento da cana, quebra dos colmos e favorece a ação de fungos, como, por exemplo, os que causam podridão no interior dos colmos. A forma adulta do inseto é uma mariposa que deposita seus ovos na parte dorsal das folhas. Rodrigues Carvalho explica que o método biológico consiste na distribuição pelo canavial de vespas de duas espécies - a Cotesia flavipes e a Trichogramma calloi. O pesquisador esclarece que as duas espécies são necessárias, já que a Trichogramma parasita os ovos da mariposa e a Cotesia age diretamente na lagarta. A vantagem, segundo ele, é que as duas fases do controle biológico quebram o ciclo de vida da broca-da-cana. “O grande problema do inseticida é que ele mata os parasitóides naturais e diminui a sua eficiência. O Trichogramma, a tesourinha e as formigas são exterminadas. Quando o inseticido é utilizado de forma seletiva e racional, aplicando-se no máximo uma vez na lavoura, é bem-vindo, contudo, está sendo utilizado frequentemente [e] se todos continuarem com esse método, a broca vai manifestar resistência e irá aumentar a população da praga, prejudicando quem utiliza o método biológico”, destacou. O pesquisador reitera que na produção do açúcar, o fungo quando entra na cana converte a sacarose em outros açúcares, diminuindo o índice de ATR (Açúcar Total Recuperável) e causando escurecimento e perdas de qualidade. No álcool, o fungo compete com a levedura, que também perde eficiência, diminuindo a extração do álcool na cana. O problema causado pela praga é que ela causa danos apenas às usinas e não a plantação da cana. Em grande quantidade, a broca aumenta o custo industrial, ao obrigar os usineiros a utilizar também grandes quantidades de antibióticos para combater os fungos. Outro motivo apontado pelo agrônomo é que a usina tem que parar a moagem da cana e esterilizar todo o setor industrial para retomar as atividades. (FV)

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