O urbenauta diz que morador deve conhecer sua cidade como turista.

Em palestra cativante, Eduardo Fenianos interagiu com a platéia e ensinou a como perceber as belezas do lugar onde se vive.
Uma abordagem bem diferente e descontraída sobre ecologia. Tendo como máxima “antes de conhecer a lua, vamos entender a rua”, o jornalista e bacharel em Direito Eduardo Fenianos afirma que o próprio lugar onde se vive é o menos conhecido de seus moradores. Esse desconhecimento é a causa de inúmeros problemas ambientais e de convivência social e, para comprovar sua teoria, Fenianos fez duas viagens nas cidades de Curitiba e São Paulo. “A partir do momento que a gente conhece o lugar onde mora, passa a amar e acaba se tornando um guardião do lugar”, diz o “urbenauta”. No encontro desta quinta-feira, 23, na UNIGRAN, com estudantes de Jornalismo, Publicidade e Marketing e Turismo, Fenianos contou sobre as expedições que fez nas capitais paranaense e paulista, motivado pelo auto-desafio de percorrer todas as ruas e bairros, de navegar pelos ID_CURSOs de água que cortam essas cidades e conhecer como vivem as pessoas que compõem as diversidades social e cultural de cada uma. Para isso, ele criou a personagem do urbenauta - viajante na cidade – que se tornou famoso em dois livros e por meio da televisão. Além de roupas e veículo apropriados, o urbenauta tem na “visão de turista” seu poder especial. Assim, nada lhe é normal ou rotineiro. Tudo é especial, tem história e razões de ser. Essa forma de ver as coisas exige ausência total de idéias já prontas, a começar do conceito de viagem. “A viagem não está na distância, mas sim no olhar”, diz o “urbenauta” que, falando de suas viagens, justifica que, ao arrumar as coisas ao derredor - e isso inclui relacionar-se com os outros sem preconceitos – se estará cuidando da própria terra. “Essas viagens são um reconhecimento ecológico, de preservação do nosso grande espaço ecológico que é o planeta terra, [e] não pelo simples desafio da aventura, mas com o objetivo de levantar a consciência da preservação, de fazer amigos no local onde a gente mora”, disse o palestrante. A palestra “O Turismo e a Aventura a serviço da Educação: a Cidade como Sala de Aula” teve a proposta apontar caminhos para os acadêmicos e profissionais de Turismo que ajudam na criação de atrativos turísticos para uma cidade ou região, como destacou a professora Ana Paula Siviero, na abertura do evento. “O ID_CURSO de Turismo da UNIGRAN propõe a palestra a partir da necessidade de se fomentar discussões sobre novas oportunidades de inserção profissional no mercado de trabalho, partindo-se de possibilidades e potencialidades reais”, disse a professora. (JR) Leia a seguir entrevista feita com Eduardo Fenianos. e-Unigran Notícias - Você inaugurou um jeito novo de fazer turismo, não é? Ser um turista dentro da própria cidade, acho que essa foi a descoberta - mudar a regência do verbo viajar. Sempre a idéia de viajar é viajar “para” algum lugar, e a idéia é viajar em algum lugar, é descobrir que a viagem não está na distância, mas no olhar. Descobri que a gente tem que descobrir coisas novas no lugar em que moramos, e acabar chegar à conclusão de que o lugar no mundo que a gente menos conhece é o próprio lugar onde a gente vive... e-Unigran Notícias - Legal. Isso tem a ver com reconhecer culturas diferentes? Vai indo que a gente acaba achando tudo natural, rotineiro. Primeiro, a rotina cega... as pessoas acabam achando que tudo ali é normal, então, quando se fala de reconhecimento da cultura, eu diria assim, essas viagens, primeiro, são um reconhecimento ecológico, por quê?! Se você olhar a raiz da palavra ecologia, ela quer dizer “oîkia” (do grego = casa) casa e logos, estudos da casa. Qual é a casa do leão? A savana, se o leão não conhecer a sua casa, ele não consegue viver. Qual é a casa da maioria dos seres humanos, hoje? É a cidade. Então, a primeira coisa nessa palavra da moda (Ecologia), é atentar as pessoas para isso: cuidar desse grande espaço ecológico que o planeta terra a partir do lugar onde nós moramos. Não adianta a gente se preocupar, aqui, em Dourados, com o Rio Amazonas se o Laranja Doce está sendo poluído, ou se aqui perto o Formoso, em Bonito, está sendo destruído. Primeiro a gente cuida do lugar em que estamos, segundo, é justamente isso, a cultura, e essa cultura significa o quê? Patrimônio imaterial, que são os nossos hábitos, o jeito de falar do povo, a culinária; o patrimônio histórico, as construções, no de Dourados, a primeira usina elétrica, que é cercada de histórias. Com esse reconhecimento, você acaba fazendo o que, uma identificação cultural da cidade com o cidadão e o resultado disso é a preservação. Eu imagino que se eu chegar para a garotada e perguntar o que significa aquela usina, vão falar: é um monte de pedra que vai cair daqui a um tempo, não sabem o que é mas a partir do momento que você começa a saber, você conhecer o lugar, começa a amar, e depois que você ama, o que antes era um destruidor acaba se tornando um guardião, ou seja, a idéia é fazer como aquele caçador que antes matava jacarés no Pantanal, e hoje é um defensor, fazer isso no ambiente urbano. e-Unigran Notícias - E você reconhece algum perfil profissional mais bem preparado para trabalhar com a sua idéia? Não, por você ter na cidade um resumo do que é o ser humano. Uma cidade é feita pelo engenheiro, pelo biólogo, pelo arquiteto, pelo turismólogo, pelo jornalista... Por isso, hoje o nosso tema é o turismo a serviço da educação, mas se a gente quiser fazer palestra falando da Biologia a serviço da cidade, também dá para fazer, justamente por esse caráter multicultural que a cidade tem, dinâmico... Então, todos os profissionais são envolvidos. Todo esse processo de reconhecimento eu faço através das viagens e a viagem para mim é o que?! É o encontro com a realidade... O astronauta foi lá para a lua, eu viajo dentro da própria cidade em que eu moro para mostrar o que as pessoas não conhecem... . Então, todas as áreas podem estar envolvidas: multidisciplinaridade e interdisciplinaridade são as grandes características do projeto. e-Unigran Notícias - Em relação a Dourados, quais potencialidades você identifica? Veja! A primeira coisa, quando você tem um turista viajando o que ele menos quer é encontrar com sua própria realidade. A gente tem Dourados hoje como uma cidade ainda calma. Estava preocupado até com o meu horário de chegar aqui na palestra meia DATA_HORA antes, mas não, me disseram: dá para sair cinco minutos antes. Essas coisas que parecem simples são o grande diferencial. È uma cidade saudável, porque vi mais padarias do que farmácia, ao contrário dos grandes centros. O pôr-do-sol, as amoras da UNIGRAN, para mim, são um evento turístico e a qualidade de vida me impressionaram. Parece que todo mundo é bem de vida. Claro, você tem casas belíssimas, mas não tem ainda uma distância social muito grande. Essa qualidade de vida pode ser vendida para as pessoas conhecerem aqui e, como espaço de eventos, eu acho importante porque o Mato Grosso do Sul e o Mato Grosso estão no meio do Brasil e essa localização para as pessoas se encontrarem é um chamariz interessante.

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