Affonso Romano de Sant´Anna - Escritor e crítico de Arte

Nos anos 60, teve participação ativa nos movimentos que transformaram a poesia brasileira, interagindo com os grupos de vanguarda e construindo sua própria linguagem e trajetória. Data ainda desta época, sua participação nos movimentos políticos e sociais que marcaram o país. Embora jovem, seu nome já aparece nas principais publicações culturais do país. Por isto, como poeta e cronista, foi considerado pela revista Imprensa , em 1990 como um dos dez jornalistas que mais influenciaram a opinião de seu país. Nos anos 70, dirigindo o Departamento de Letras e Artes da PUC/RJ, organizou a pós-graduação em literatura brasileira do Brasil; a “Expoesia”, evento que reuniu seiscentos poetas num balanço da poesia brasileira. Trouxe ao Brasil conferencistas estrangeiros como Michel Foucault. Nesse departamento, apesar das dificuldades impostas pela ditadura, realizou uma série de encontros nacionais de professores, escritores e críticos literários. Pela primeira vez no país, a chamada literatura infanto-juvenil passou a ser estudada na universidade e a ser tema de teses de pós-graduação. Foram também abertos cursos de Criação Literária com a presença de importantes escritores nacionais. Como jornalista, trabalhou nos principais jornais e revistas do país: Jornal do Brasil (pesquisa e copy desk ), Senhor (colaborador), Veja (critico), Isto É (Cronista), colaborador de O Estado de São Paulo . Foi cronista da Manchete e do Jornal do Brasil e está em O Globo desde 1988. Considerado pelo crítico Wilson Martins como o sucessor de Carlos Drummond de Andrade, no sentido de desenvolver uma “linhagem poética” que vem de Gonçalves Dias, Bilac, Bandeira e Drummond, tendo substituiu este último como cronista no Jornal do Brasil , em 1984. E foi sobre Carlos Drummond de Andrade a sua tese de doutoramento (UFMG), intitulada: Drummond, o gauche no tempo , que mereceu quatro prêmios nacionais. Como presidente da Biblioteca Nacional, a oitava biblioteca do mundo, com mais de oito milhões de volumes, realizou, entre 1990 e 1996, a modernização tecnológica da instituição, informatizando-a, ampliando seus edifícios e lançando programas de alcance nacional e internacional. Criou o Sistema Nacional de Bibliotecas, que reúne 3.000 instituições e o PROLER (Programa de Promoção da Leitura), que contou com mais de 30 mil voluntários e estabeleceu-se em 300 municípios. E em 1991, lançou o programa “Uma biblioteca em cada município”. Seu trabalho à frente da Biblioteca Nacional possibilitou que o Brasil fosse o país-tema da Feira de Frankfurt (1994), de Bogotá (1995) e no Salão do Livro (Paris, 1998). Lançou a revista Poesia Sempre , de circulação internacional, tendo organizado números especiais sobre a América Latina, Portugal, Espanha , Itália, França, Alemanha. Foi Secretário Geral da Associação das Bibliotecas Nacionais Ibero-Americanas (1995-1996), que reúne 22 instituições, desenvolvendo amplo programa de integração cultural no continente. Foi Presidente do Conselho do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (CERLALC), 1993-1995. Nas atividades universitárias, foi professor de várias universidades brasileiras (Universidade Federal de Minas Gerais, Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro) e orientou, como tal, cerca de 80 teses de doutorado e mestrado. No exterior deu cursos na Universidade de Los Angeles (l965-67), Universidade do Texas (l976), Universidade de Koln (1978), Universidade de Aix-en-Provence (1980-1982) e conferências na Dinamarca, Espanha, Portugal, Canadá, Mexico, Argentina, Chile, etc. Como escritor participou do “International Writing Program” (1968-1969) em Iowa, USA, dedicado a jovens escritores de todo o mundo. A partir dos anos 80, esteve mais constantemente em festivais internacionais de poesia em Israel, Medellin, Bogotá, Caracas, México, Buenos Aires, Santiago do Chile e Dublin. Em 1999, esteve em Bellagio, Itália, a convite da Fundação Rockefeller para ultimar seu livro Textamentos e adiantar a pesquisa sobre “carnavalização e cultura”. Também já foi bolsista da Guggenheim e da Fundação Ford. Mereceu vários prêmios nacionais e foi júri de uma série de prêmios internacionais como o Prêmio Camões (Portugal/Brasil), Prêmio Rainha Sofia (Espanha), Prêmio Peres Bonald (Venezuela), Prêmio Pégaso/Mobil Oil (Colômbia/USA), Reina Sofia (Espanha). Sua obra tem cerca de 30 livros de ensaios, poesias e crônicas e seus poemas estão publicados em dezenas de antologias, livros e revistas no exterior, sendo, no Brasil, um dos principais teóricos da “teoria da carnavalização”, assunto sobre o qual orientou várias teses, e, definindo-se como analista da cultura, nos últimos anos publicou um inovador estudo sobre o Barroco - Barroco, do quadrado à elipse (2000)-, analisando o Barroco ontem e hoje. Atento à necessidade de revisão crítica constante da cultura, lançou em 2003 Desconstruir Duchamp , uma análise interdisciplinar da pós-modernidade, e Que fazer de Ezra Pound . Tem três CDs: um de poesia, gravado por Tônia Carrero, outro de crônicas, com participação especial de Paulo Autran e outro de poesia, na voz do autor, pelo “Instituto Moreira Salles.”