Revista Multidisciplinar da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Unigran | ISSN-1981-3775

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Interbio v.3 n.2 2009 - ISSN 1981-3775

Editorial

A Pesquisa Científica

Vivemos na chamada “Era da Informação”. Entretanto, a formação acadêmica não pode ser concebida como uma transmissão de informações. A internet nos permite acessar uma quantidade ilimitada de informações de todas as partes do mundo, e podemos socializar de forma simultânea a produção de diferentes partes do mundo. Todos os dias surgem dados novos sobre os mais variados assuntos, velhos conceitos, são substituídos, tabus derrubados, novas teorias surgem. Nunca o homem pode dispor de tantos dados sobre tão deferentes assuntos. “Esta está velha”, é uma frase de uso comum no mundo de hoje. Com essa realidade nos envolvendo, cabe à Universidade formar acadêmicos capazes de saber utilizar esse conhecimento disponível e aprender a pensar criticamente.

Alguns autores consideram que a pesquisa e a reflexão são objetos finais da vida universitária. Eu diria que a pesquisa é uma das metas primeiras do processo educativo, porque envolve reflexão. O trabalho de pesquisa realizado desde o início da vida acadêmica ajuda a desenvolver a habilidade de pensar criticamente, já que o pensamento crítico envolve todos os níveis do processo de investigação. A pesquisa e a reflexão se sobrepõem, permitindo que a pessoa cresça intelectualmente e consolide uma postura ética, e desenvolva atitudes e valor inerente ao profissional dessa nova Era.

O ato de pesquisar é um processo de exercício do pensamento. Um bom pesquisador deve ter entre seus atributos curiosidade e capacidade intelectual, criatividade intuitiva, independência mental, perseverança no estudo, sensibilidade social, paixão pelo conhecimento e conhecimento do assunto. Nós pesquisamos em inúmeras situações da vida cotidiana. Entretanto, quando se trata de investigação científica, necessitamos possuir uma série de ferramentas para poder caracterizar uma pequena porção da complexa realidade, foco de nosso interesse e nosso objeto de estudo.

A pesquisa constitui uma atividade social, praticá-la significa de certa forma desempenhar um papel social, realizar observações da realidade, de uma porção preferencialmente pequena da realidade que queremos encontrar respostas. Durante o curso esta permite ao acadêmico perceber o mundo por novas perspectivas e paradigmas, meios de aperfeiçoamento e conhecimento da realidade, desenvolvimento do conhecimento e aquisição de fontes de esclarecimento, desenvolver hipóteses que mostrem diferentes perspectivas de um mesmo problema; envolvimento em um campo específico de conhecimento e continuidade do trabalho após o término da vida acadêmica.

Para que todas essas habilidades possam ser desenvolvidas, a aceitação da pesquisa como atividade curricular terá de ser ensinada, isto é, vai depender da atitude e valores que os educadores “passam” em aula. Portanto, nós educadores devemos ter sempre em mente que nenhum pesquisador nasce pronto. Há necessidade de preparar os alunos como produtores e consumidores de pesquisa, mostrando como interpretar, usar seu conhecimento, questionando seus achados, verificando sua linha teórica, suas limitações e possibilidades.

Em relação à importância da pesquisa, Gressler diz que “o homem cresce intelectualmente à medida que enfrenta os problemas de maneira científica delimitando problemas, analisando variáveis que os influenciem, formulando hipóteses com um sério embasamento teórico, coletando dados sistematicamente, analisando e discernindo para chegar a uma conclusão”. Este é o perfil do profissional desejado, que a sociedade necessita.

Pesquisar é um trabalho duro? Sim é, mas eu pergunto: aprender a ler e escrever foi um trabalho fácil? Bem, cada um pode ter uma resposta diferente, mas o fato é que todos aprenderam a ler e escrever. Uns tiveram mais facilidade que outros, assim é na pesquisa. Todos acadêmicos possuem habilidades para buscar e reunir informações sobre um determinado assunto ou problema e analisá-lo, utilizando o método científico, com a intenção de comprovar uma hipótese, aumentar seu conhecimento sobre o assunto ou descobrir algo novo. Mas somente alguns poucos conseguirão se tornar pesquisadores de renome nacional e internacional devido a alguma descoberta científica significativa. Quem sabe você é um deles. Na área da saúde, em particular, existe uma infinidade de possibilidades de fazer a diferença. O seu trabalho, ao ser publicado, pode servir de inspiração para outro. Seja qual for o caso, você fez a diferença.

“Para a obra científica os meios são quase nada e o homem é quase tudo”.
(Cajal, 1979)

Bernadeth Bucher
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
prppg@unigran.br

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